As mudanças sociais dos últimos tempos tiveram muito a ver com o que aconteceu no mundo das comunicações. Ouço de pessoas conhecidas que as novas relações pelas mídias e redes sociais facilitaram, em muito, a que uma parcela da população buscasse informações confiáveis a respeito dos tempos de pandemia, mas também a interação com familiares e amigos, mesmo ficando em isolamento. Ouvem-se depoimentos de pessoas que “viciaram” em cultos e missas, jogos contra computadores... e os mais atilados, que procuraram não perder os vínculos comunitários.
Semana passada, a Pastoral da Comunicação (Pascom) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), pelo seu regional, me desafiou a conversar com bispos, coordenadores de pastoral e da Pascom sobre o Dia Mundial das Comunicações Sociais – 16 de maio. Todos os anos, os papas, hoje, Francisco, apresentam aos profissionais da área documento propondo um olhar pastoral sobre uma das atividades. O atual pontífice tem sido pródigo de lançar questionamentos que preocupam os agentes que atuam nos meios, mas também a comunicação da própria igreja…
“Vem e verás” é a frase que os primeiros apóstolos ouviram ao questionar quem era o pregador que convidava a deixar tudo e segui-lo. Profissionais do jornalismo optaram por um trabalho cheio de realizações, mas também de desafios. Durante o período em que lecionei na área tive a alegria de ver meninos e meninas “voando” para diversos lugares do estado e do Brasil, atrás da realização de um sonho: a informação no contexto de uma sociedade que precisa dela para fazer as suas escolhas.
A diferença está na proposta dos bispos durante o Concílio Vaticano II, início dos anos 60. A Igreja Católica passou a utilizar a expressão “comunicação social”, em vez de “comunicação de massa”. Não é apenas uma questão semântica, mas de relacionamento do comunicador com os públicos. Na primeira, busca-se interação e corresponsabilidade; na segunda, um entretenimento disfarçado, que ocupa o tempo do leitor, ouvinte, telespectador, sem esperar retorno, a não ser a audiência…
O alerta para os jornalistas vale também para os agentes de pastoral que vão às ruas. Este é o motivo pelo qual “a comunicação precisa ser construída no encontro com as pessoas para procurar histórias ou verificar com os próprios olhos determinadas situações”. Alerta que se vive a comodidade de ser expectador externo, mas que as “redes sociais, também podem ajudar no encontro, e que, sem elas, muitas vezes não teriam um lugar para acontecer.”
Comunicações, em muitos lugares, são preenchidas por uma “quantidade de eloquências vazias”. Para preenchê-las, profissionais precisam reinvestir no silêncio da oração, meditação e reflexão. Novas tecnologias e redes sociais são bênção em tempo de distanciamento físico. Não é apenas uma geração que usufrui de benefícios, mas oportunidade de integrar públicos - como grupos de risco e idosos - que foram, gradativamente, afastados e reencontram um lugar para o convívio social!
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