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Foto do escritorArquidiocese de Pelotas

COMO CRISTÃOS, AINDA SONHAMOS?

O testemunho dos que se encontraram com o Ressuscitado é impressionante! Durante sua vida pública, Jesus havia alimentado – pelos seus ensinamentos e suas obras – novos sonhos em tantos homens e mulheres! Sonhos de uma vida nova, de irmãos e irmãs, sem violência e guerra, sem discórdia, sem ódio, onde o amor e o perdão estendiam-se aos próprios inimigos. Sonhos de amizade e fraternidade universal.


No entanto, Jesus foi assassinado! E sepultado. O sepultamento de Jesus significava também o sepultamento dos sonhos de seus admiradores e seguidores!


Nova criação - Mas o Pai o ressuscitou! Não poderia terminar no cemitério a vida de quem viveu como Jesus! O impacto da experiência de ver e ouvir o Ressuscitado não deixou ninguém indiferente! E a ressurreição de Jesus foi também a ressurreição dos sonhos de seus discípulos! Assim como pelo sopro Deus havia criado o homem e a mulher (cf. Gn 2, 7), assim agora ele sopra sobre os discípulos tomados pelo medo e espanto, dizendo: “Recebam o Espírito Santo” (Jo 20,22). É o sopro a nova criação! E essa nova criação significa uma missão: “Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês” (Jo 20, 21).


A vida nova – E a missão foi levada a sério! Foi no coração daqueles discípulos cheios de medo que uma grande transformação aconteceu! Uma coisa era certa: a vida deles não seria como antes! Nunca mais! Com Jesus, a vida anterior deles havia sido sepultada; com o Cristo Ressuscitado a vida nova iria florescer neles. E tudo mudou...


Um belo retrato – Eis um dos retratos marcantes do colorido maravilhoso da vida dos primeiros cristãos, no livro dos Atos dos Apóstolos: “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava propriedade particular as coisas que possuía, mas tudo era posto em comum entre eles... Entre eles ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro e o colocavam aos pés dos apóstolos; depois, ele era distribuído a cada um conforme a sua necessidade” (At 4,32-35). Eles “eram estimados por todo povo”, e a cada dia aumentava o número de seus membros (At 2,47).


Realizando sonhos - Não foi um governo ou outra autoridade que obrigou os cristãos viverem de tal modo. Tal vida em comunidade é fruto do que Jesus havia semeado em seus corações. A decisão de chegar a ponto de não se apegar ao que possuíam e, inclusive, vender propriedade para que ninguém passasse necessidade veio de corações livres, libertos pela força e o poder do amor de Cristo. Quem se sente amado não consegue viver como antes.


Sonhamos? – Hoje, dois mil anos depois, nossa fé na ressurreição parece não ter força para mudar nosso modo de pensar e de agir. O impacto da ressurreição não tem em nós a força que teve nas testemunhas audiovisuais da vida, morte e ressurreição de Jesus. Perdemos a identidade de seguidores de Cristo; tantas vezes brigamos por coisas pequenas. E, sem sonhos e sem identidade, nossa vida em comunidade pouco ou nada atrai. O mundo nos engole, e os sonhos que a vida de Jesus semeia em nós são vencidos pela força da mentalidade mundana. Desse modo, o envio de Jesus fica quase sem efeito em nós.


Encorajemo-nos com as palavras de Santa Joana de Chantal: “É verdade que, nesta vida, temos que estar começando sempre de novo... Pois isso é essencial para nossa humildade e confiança, as duas virtudes que nosso bom Deus requer de nós. Sê valente, exercite-se em coragem” (Em ‘Temas Salesianos Seletos’, n. 731).


Deus seja bendito!

Pe. Aldino J. Kiesel, O.S.F.S.




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