Ao redor do primeiro aninho de vida, a criança ensaia seus primeiros passos. Com a ajuda da mãe, ela vai firmando as perninhas, arrisca manter-se em pé e dá passinhos. No dia em que consegue caminhar por si mesma, a conquista é dela e a vibração é da mãe! É uma nova fase da vida, mas o amor entre a mãe e a criança continua o mesmo. Ela sabe que a mãe será sempre um porto seguro ao qual ela pode voltar, sempre que necessário.
Jesus e os discípulos – Como Mestre, durante uns três anos Jesus educou os discípulos nas coisas de Deus, alimentando sonhos de uma vida nova, de justiça e paz, um mundo onde todos são irmãs e irmãos. O lava-pés e o mandamento do amor estão entre os últimos ensinamentos, antes da paixão e morte.
Ele os preparava para que um dia caminhassem com as próprias pernas. As celebrações da Ascensão do Senhor e do Pentecostes nos trazem presente exatamente isso: Deus não nos quer infantis na fé; Ele nos quer adultos. E é exatamente para isso que o Espírito nos capacita, com seus sete dons.
Tempo da Igreja, tempo do Espírito – Tantas vezes rezamos e cantamos “Vem, Espírito Santo”! No batismo já o recebemos; na crisma fomos por ele confirmados na fé. A hora é de abrir espaço em nós para Ele viver e reinar. Não basta recebê-Lo; é preciso morrer para atitudes egoístas, e escutá-Lo com liberdade, para dar passos de acordo com Sua vontade. Pentecostes marca o início de uma nova era, o tempo da Igreja, da atuação do Espírito.
A árvore se conhece pelos frutos – O apóstolo Paulo experimentou, como poucos, o poder de transformação do Espírito na nossa vida. Por isso, ele tem autoridade para nos pedir: “Vivam segundo o Espírito, e assim não farão mais o que os instintos egoístas desejam”. E ele enumera o que esses instintos produzem: impureza, libertinagem, idolatria, ódio, discórdia, ciúme, ira, rivalidade, divisão, inveja. “Mas o fruto do Espírito é o amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, mansidão e domínio de si” (Gl 5,16-23).
Omissão – Outro dia alguém partilhou que numa festa comunitária, onde centenas de pessoas se divertiam amigavelmente, de repente dois começaram a se desentender e a brigar. A violência ganhou tais proporções que a festa terminou aí mesmo. Se as pessoas de bem eram a grande maioria, por que o mal venceu?
Aliás, quantas vezes nos sentimos inspirados a fazer algo de bom, a resolver uma questão, mas dizemos: “Não vou me meter nisso; não vou me incomodar; não é comigo...” E assim, deixamos que o mal se propague. Não basta a sabedoria do Espírito nos inspirar, se a fortaleza não nos levar a agir. Por isso, a afirmação do Papa Bento XVI parece confirmar-se tantas vezes: “O problema no mundo de hoje não é a força dos que fazem o mal, mas a fraqueza dos bons”.
Aliás, confessamos que pecamos “por pensamentos, palavras, atos e omissões”. Sim, pecado não é só fazer o mal; é também deixar de fazer o bem. Não é a omissão um grande pecado de hoje?
Que Pentecostes seja a libertação do Espírito das jaulas de nosso coração. Emprestemos nossa boca, nossas mãos e todo nosso ser à ação santificadora do Espírito. Deus seja bendito!
Pe. Aldino J. Kiesel, O.S.F.S.
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