Arquidiocese de Pelotas
RELIGIÃO E O SENTIDO DA VIDA


As religiões, por serem as vias de acesso ao Transcendente, são as "instituições do sentido" por excelência. O sentido da vida é sua especialidade, como se exprimiu Jacques Lacan, numa entrevista coletiva: "No que concerne ao sentido, eles (os religiosos) conhecem um bocado. São capazes de dar um sentido realmente a qualquer coisa. Um sentido à vida humana, por exemplo. São formados nisso. Desde o começo tudo que é religião consiste em dar um sentido às coisas".
Assim o sentido das religiões é dar sentido à vida. Mas elas só o fazem na medida em que elevam a pessoa humana a Deus, pois tal é a primeira e fundamental função da religião. Se, depois, ela confere também sentido, isso acontece apenas indiretamente e como por efeito, mostrando aí, que a “questão Deus" é, em si mesma, prioritária sobre a "questão sentido ". O sentido, fruto que é da fé religiosa, serve de critério para verificar até que ponto uma religião é viva, verdadeira e fecunda. De fato, quando uma religião falha na tarefa de comunicar sentido, reduz-se à mera instituição social, perdendo o interesse das pessoas e a relevância na história. Se quiser recuperar sua função e, daí, sua credibilidade, precisa se renovar, reconectando-se com a questão decisiva do destino último do ser humano que a religião, em sua linguagem, chama de "salvação". É, pois, da problemática humana mais fundamental que ela tem que partir, se quiser inserir na história a proposta religiosa de sentido.