Um tema tão extenso quanto a necessidade de se pensá-lo nos tempos atuais, o projeto de vida na história da Igreja com as juventudes andou sempre perpassando muitos grupos juvenis. A ideia sendo, convidar os jovens a viver seu projeto pensado a partir do Sonho de Jesus Cristo para humanidade. Contudo, para que os jovens possam pensar-se e construir-se adequadamente existem uma série de desafios que são apontados pelos que estudam as juventudes. São dificuldades de ordem social, econômica, psicológica, afetiva, entre outros. Muito embora vivamos em uma sociedade que quer incansavelmente o segredo para eterna juventude. Um mundo que quer ser jovem, mas não aceita tão bem os jovens.
Abramovay (2006)1, afirma que:
É próprio da modernidade o interesse pela juventude, mas é principalmente nas últimas décadas que vem-se consolidando a atenção de distintos públicos a esta faixa etária. Esse interesse salienta-se, comporta múltiplos sentidos, projeções, assim como “demonizações” sobre os jovens. (p. 9)
Nesse universo juvenil que é complexo, mas que em suas dificuldades não difere do mundo adulto, Regina Novaes (2005, p. 109)2 vai afirmar que “Compreender a juventude de hoje é compreender o mundo de hoje.”. Portanto, o acompanhamento do Projeto de Vida dos jovens de cada tempo possibilita compreender muitos fenômenos da sociedade na qual estão inseridos. Por isso, a mesma autora vai dizer em outro momento que a juventude é “o espelho retrovisor da sociedade”. Nesse sentido, a pergunta é: Onde ficam os adultos? É necessário que os jovens tenham companhia para construção desse Projeto de Vida. E repito, companhia. Não alguém que faça pelo jovem, que roube o seu protagonismo sobre suas escolhas de vida, mas alguém que o acompanhe. Dick, SJ (2008)3 nos diz que: “Nossos jovens querem ser acompanhados e têm o direito de ter pessoas com vocação e qualificação para tal. Pessoas que estejam ao lado para ressoar a voz profética de Isaias: ‘não tenham medo, eis que estou com vocês”. O Documento 85 da CNBB – Evangelização da Juventude: Desafios e Perspectivas Pastorais reafirma o acompanhamento como uma opção pedagógica da Igreja na Evangelização da Juventude, na pessoa do/a assessor/a das juventudes, dizendo: “No processo de acompanhamento no caminho da fé o assessor é o acompanhante principal que ajuda o jovem a definir o seu projeto de vida, segundo o projeto de Jesus Cristo.” (no 207). Compreendendo as tantas dificuldades enfrentadas hoje pelas juventudes se faz necessário pessoas adultas que tenham trilhado um caminho de amarecimento na fé e humano, que estejam dispostas a assumir a missão de acompanhar com qualificação e responsabilidade o Projeto de Vida de cada jovem. E que tenham a coragem de suscitar: “Ao aproximar-se da mulher samaritana Jesus pediu-lhe água. Ao aproximar da juventude, segundo os passos de Jesus peço sua agradável, questionante, envolvente e desinstaladora companhia.”
Luana Padilha Corrêa Especialista em Juventudes pela Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre