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AS VOCAÇÕES DE 100 MIL VIDAS

Agosto é o mês das vocações no calendário da igreja católica, sendo comum mensagens e incentivos de fomento da atividade sacerdotal e diaconal em nossa igreja. As vocações escassas refletem uma visão conservadora e arcaica da hierarquia (ou de uma base conservadora) em relação à preconceitos arraigados como ferrugem antiga em ferro submerso: preconceito de gênero, de costumes, de etnia...tais preconceitos impedem um avanço estrutural da religião organizada e estruturada, embora – e graças a Deus – não impeçam um desabrochar da fé popular e da busca de uma ligação divina da humanidade com uma noção plena de vida e vida de liberdade.

Os graves problemas apontados acima são antigos e tenho temor, fundado na experiência e vivência, que no futuro continuarão sendo antigos e persistentes – na igreja católica nos desculpamos em conservar erros por uma dita característica secular desta instituição conservadora – ocorre que a vida que nossa igreja defende não acontece secularmente, mas sim conjunturalmente todos os dias, todos os segundos. As vidas e as possíveis vocações nascem e morrem cotidianamente e quem não vê e não cuida desta realidade de forma amorosa, preservando a vida e denunciando à morte, na verdade nem deveria fazer parte de uma instituição que, mesmo conservadora, se declara defensora da vida plena e abundante.

Na ultima semana do mês de julho, portanto as portas do mês vocacional, mais de 150 Bispos elaboraram uma carta em defesa da vida plena e abundante e denunciaram as políticas de morte do atual governo brasileiro. Nos últimos dias de julho e nos primeiros dias de agosto mais de 1.000 Padres elaboraram uma carta de apoio aos Bispos e suas proféticas declarações. Na primeira semana de agosto milhares de Leigas e Leigos elaboraram e assinaram um manifesto de apoio aos Bispos e Padres que se manifestaram a favor da vida plena e contra a morte programada. A questão das vocações ressurge aqui: Afinal, para quem a igreja católica deseja o despertar das vocações? Para defesa plena da vida ou para o silêncio que dizima inocentes?

O mês de agosto também se identifica com a data comemorativa ao dia dos pais, sempre no segundo domingo deste mês. Certamente não teremos nada que nos alegre a comemorar ou celebrar neste caótico ano de 2020. Estaremos nesta data alcançando ou superando 100.000 (cem mil) mortes por Covid 19 em nosso país, fruto não somente de uma pandemia que é resultado de uma relação absurda e errônea do homem com a natureza, mas principalmente da mais absoluta ausência de política pública de saúde proveniente do governo federal, especialmente com as populações periféricas e tradicionais. Neste sentido as manifestações proféticas dos Bispos e de apoio dos Padres e Leigas e Leigos retratam a imagem de uma igreja viva que defende e proclama a vida.

O mês das vocações é o mesmo mês das 100.000 mortes!

O que queremos ver nascer?


Reinaldo Tillmann

Coordenador Cáritas Arquidiocesana de Pelotas-RS



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