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FALANDO EM SER CATÓLICO E SER CRISTÃO



“Padre, sou católico mas, confesso, não sou muito praticante”. Tal frase já ouvi muitas vezes ao longo de meus anos de Oblato e de padre. Em geral, a pessoa continua dizendo que reza, sim, mas que vai poucas vezes à missa, que está muito ocupada e que precisa caprichar mais... Procura se desculpar e acaba expressando seu propósito de ser um católico “mais praticante”.


Ser católico – Em geral, conecta-se a identidade do católico aos sacramentos – especialmente ser batizado e participar da missa – ao recitar orações (como Pai-Nosso, Ave-Maria) e praticar devoções (reza do terço, jejuns, sacrifícios, fazer peregrinações, etc.). Como sabemos, grande parte dessas características têm suas raízes no Concílio de Trento (1545-1563), onde a Igreja Católica ressaltou o valor dos sacramentos, em contraposição à Reforma Protestante, que deu muito destaque às Escrituras Sagradas.


Ser cristão – O que caracteriza o ser cristão? Basicamente, é a prática do seguimento de Jesus Cristo. Pe. Zezinho, em uma de suas belas inspirações, coloca numa música um belo resumo da identidade do cristão: “Amar como Jesus amou, sonhar como Jesus sonhou, pensar como Jesus pensou, viver como Jesus viveu”. Não é por um ato de mágica que chegamos a amar como Jesus, a sonhar, a pensar e a viver como Jesus! Reconheçamos, honestamente: quanta distância entre o nosso modo de amar, nossos sonhos, nosso pensar e nosso viver daquele de Jesus!


A origem do cristianismo – Infelizmente perdemos o impacto do que significou a ressurreição de Jesus para os que o seguiam, o escutavam durante sua vida pública e que foram testemunhas da sua ressurreição. Jesus havia alimentado neles sonhos, ofereceu novas alternativas de viver pessoal e socialmente, despertou neles um novo modo de pensar. Por isso, a ressurreição de Jesus foi não apenas ressurreição dele, mas também dos discípulos e das discípulas. O conhecido texto dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35) é belo retrato disso: Ressuscitado, Jesus ressuscita nos discípulos o sonho e o novo modo de viver.


Nova vida pessoal e social – Ser seguidor e seguidora de Jesus morto e Senhor Ressuscitado realmente mudou a mentalidade e o modo de vida. A prova disso nós a vemos nos relatos de como viviam os primeiros cristãos. “Eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos” diz o texto bíblico (At 2,42). Desse modo, não deixavam morrer o sonho, que alimentava o novo modo de viver: comunhão fraterna, partilha do pão, oração em comum, colocar em comum todos os bens, vender propriedades e partilhar, para que não houvesse necessitados entre eles. Esse novo modo de vida não é resultado de uma força exterior, de um governo ou de um regime. Era simplesmente expressão social de uma fé autêntica e viva. São Francisco de Sales diz que a vida nova começa no coração humano, e se expressa de dentro para fora. A fé autêntica se faz ver no material e na vida social.


As consequências dessa vida comunitária não demoram a se manifestar. “Todos eles gozavam de grande aceitação” (At 4,33). “Louvavam a Deus e eram estimados por todo o povo. E a cada dia o Senhor acrescentava à comunidade outras pessoas que iam aceitando a salvação” (At 2,47). Que beleza! Ninguém precisava convidar para ir à missa... O bem contagia e atrai...


Como recuperar o impacto? – Como podemos recuperar o impacto da ressurreição do Senhor em nossas vidas? Certamente um dos desafios dos católicos é o de tornarem-se mais cristãos... Mais do a busca de sermos católicos praticantes, é preciso achar caminhos para tornar-nos cristãos praticantes. E tudo começa pelo sonho... “Amar como Jesus amou, sonhar como Jesus sonhou...”.


Deus seja bendito!


Pe. Aldino J. Kiesel, O.S.F.S.

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