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O DESAFIO DE DESVESTIR-SE

Com alegria e esperança iniciamos setembro, o mês da Bíblia. São Jerônimo, ao dedicar longos anos na tradução da Sagrada Escritura, permitiu que ela fosse escrita em seu coração e, assim, o revestisse da vida de santidade. O bom Deus espera que isso também aconteça com você e comigo...


Nossa mãe Igreja nos sugere neste ano que a Carta aos Efésios alimente nossa vida de fé e de santidade. O lema é bem sugestivo e provocador: “Vestir-se da nova humanidade!” (Ef 4,24). Não se trata de pouca coisa...


Não é um remendo – Após apresentar na parte inicial (Ef 1-3) um belo e consistente fundamento teológico (quem é Deus) e eclesiológico (o que é a Igreja), a Carta apresenta a parte exortativa (Ef 4-6). É para lembrar que o que nos fazer crescer em santidade não é simplesmente o conhecimento, mas a prática da Palavra de Deus. E a grande exortação é esta: vestir-se da nova humanidade! O que se pede não são alguns remendos, e nem simplesmente a cura de algumas feridas que aparecem na vida social. Para o vinho novo, barris novos (cf. Mc 2,22). A Carta chama a atenção que a adesão a Cristo pelo batismo requer uma verdadeira mudança de mentalidade, um revestir-se (homem novo, mulher nova), caracterizados pela prática da justiça e da santidade, enraizados na verdade. Tudo isso é possível através de uma adesão pessoal e ininterrupta com Deus Trindade.


Abandonar a vida de antes – Precisamos olhar o lema em seu contexto: “Vocês devem deixar de viver como viviam antes, como homem velho que se corrompe com paixões enganadoras. É preciso que vocês se renovem pela transformação espiritual da inteligência, e se revistam do homem novo, criado segundo Deus na justiça e na santidade que vem da verdade” (4,22-24). Aí encontramos uma exortação que, em geral, esquecemos, ou damos pouco valor: antes de (re)vestir-se, é preciso desvestir-se! “Deixar de viver como viviam antes”! Será que não está aí nosso grande desafio?


Mudança de mentalidade - A Palavra de Deus nos atrai, e desejamos segui-la. Mas nem sempre estamos dispostos a abrir mão da nossa vida anterior! A diferença entre os fariseus, que resistiam a Jesus, e as prostitutas, que acolhiam seus ensinamentos, era exatamente esta: o estar disposto ou não a abandonar a vida anterior. Trata-se de uma verdadeira metanoia – mudança de mentalidade – que foi o pedido de Jesus ao iniciar sua vida pública: “O tempo já se cumpriu, e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e acreditem na Boa Notícia” (Mc 1,15). Para o autor da Carta aos Efésios, a mudança de mentalidade leva a viver “segundo Deus na justiça e na santidade que vem da verdade” (4,24). O próprio Paulo, mais do que ninguém, experimentou o que significa a mudança radical de vida, após encontrar-se com Jesus no caminho de Damasco (At 9).


Desvestir-se é possível – Eis dois exemplos que mostram que o desvestir-se é possível:

Primeiro – O grande líder negro na África do Sul no tempo do apartheid (exclusão e perseguição dos negros), depois de longos 27 anos na prisão, ao sair, disse: “Quando eu saí em direção ao portão que me levaria à liberdade, eu sabia que, se eu não deixasse minha amargura e meu ódio para trás, eu ainda estaria na prisão”.

Segundo – Havia dois grandes amigos, mas, entre eles, havia uma grande diferença. O primeiro gostava de rezar, ir na igreja, cultivar a fé; o segundo não queria saber disso, e gastava seu tempo em festas e divertimentos. Um dia este disse ao primeiro: “Não sei o que você ganha rezando tanto!” O primeiro respondeu: “Você tem razão: talvez eu não ganhe nada, mas depois que comecei a rezar já perdi muita coisa: raiva, violência, ciúme, egoísmo, querer ser o primeiro, busca do prazer...” Sim, a oração nos fazer perder, desvestir-nos, deixando-nos nus, prontos para vestir-nos “da nova humanidade”.


Deus seja bendito!


Pe. Aldino J. Kiesel, O.S.F.S.



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