Dom Antônio Zattera foi o terceiro bispo de Pelotas. Natural do município de Garibaldi nasceu em 25 de julho de 1899, filho de Bartolomeu e Maria Evangelisti Zattera. Ingressou em 1910 no Seminário de Porto Alegre, passando em 1913 para o de São Leopoldo. Recebeu o presbiterado em 12 de agosto de 1923 pelas mãos de Dom Ático E. da Rocha, Bispo de Santa Maria. Foi coadjutor em Caxias do Sul, coletor das obras da nova Catedral de Porto Alegre, vigário de Vilas Boas de 1926 a 1927, e de 1928 a 1942 em Bento Gonçalves. Na guerra civil de 1930 acompanhou as tropas rio-grandenses como capelão-chefe. No dia 4 de fevereiro de 1942 foi nomeado bispo de Pelotas, tendo sido sagrado por D. João Becker em 31 de maio de 1942 na matriz de Bento Gonçalves. Tomou posse de nossa diocese em 9 de julho do mesmo ano.
Além da grandiosidade da diocese que abrangia na época a região de Rio Grande e Bagé, e a escassez de vocações sacerdotais, Dom Antônio foi abatido por uma grave doença (câncer no estômago) o que o deixou afastado de seu ministério o restante do ano de 1942 e parte de 1943 hospitalizado em São Paulo. Preocupado com a situação dos meninos desamparados em Pelotas, deu continuidade em 26 de Março de 1944 ao então Abrigo de Menores, hoje Instituto de Menores Dom Antônio Zattera constituindo-se na época uma das maiores obras do gênero no Estado, chegando a abrigar cerca de 300 crianças e jovens. Durante seu ministério episcopal ordenou 54 de seus seminaristas, além de duas sagrações episcopais: Dom Benedito Zorzi e Dom Jayme Chemello. Quatro de seus familiares seguiram o sacerdócio: João Baptista Zattera, Luiz Boaro, Irineu Zattera e Luiz Amarildo Boari. Fez obras no Seminário Diocesano (ala nova de dois pisos, para refeitório e dormitório, a capela externa e a residência para as irmãs de Nossa Senhora, prestadoras de serviço interno) e o Primeiro Congresso Eucarístico Diocesano de 12 a 15 de Agosto de 1948. Além disso, antes do Congresso começou a realização das ampliações da Catedral: o presbitério com sua alterosa cúpula em harmonia com as torres, a cripta, as sacristias e o salão paroquial. A decoração é obra-prima no seu gênero de pintura clássica, executada pelos decoradores Emilio Sessa e Adolfo Goldoni e os painéis ‘a fresco’ pelo artista Aldo Locatelli. Inaugurada no Natal de 1950.
Em 1949 fundou o mosteiro das Irmãs Carmelitas em residência na Rua Marcílio Dias, sendo transferido para a sede atual em 1966; e realizou a Primeira Semana Catequética de Pelotas.
Durante a década de 50, Dom Antônio destacou-se pela sua intervenção na área da educação no sul do Estado. Naquela época não existia nenhuma escola superior fora da capital, para a formação de professores, e aliada à necessidade de novas escolas para a região, Dom Antônio funda em 1953 a Faculdade Católica de Filosofia de Pelotas com os cursos de Filosofia, Línguas Clássicas, Neo-latinas e Anglo-germânicas, Geografia e História. Além disso, a Faculdade de Ciências Econômicas, que funcionava no Colégio Gonzaga desde 1937, foi incorporada à Mitra Diocesana em 1955.
Preocupado com a educação de crianças e jovens de famílias de poder aquisitivo limitado ampliou a Escola Santa Filomena, na zona do porto junto à Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus em 7 de setembro de 1956, criando o Ginásio Diocesano de Pelotas. Segundo o decreto de sua criação tinha como objetivos a formação intelectual, educativa, cívica e, fundamentalmente, a orientação católica de seus alunos.
Já contando com duas faculdades, em 1958, Dom Antônio abre na cidade de Bagé, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras; no mesmo ano em Pelotas surge a Faculdade de Jornalismo (transformada em Comunicação Social em 1960); e em 1959, a Faculdade de Direito, em Rio Grande. Dessa forma, com a existência de no mínimo de 5 Faculdades, o então bispo realiza um grande sonho, nasce em 7 de outubro de 1960, para marcar o cinquentenário de criação da Diocese, a primeira universidade no interior do Rio Grande do Sul, a então Universidade Católica Sul-Rio-Grandense de Pelotas, que em 1963, torna-se a atual UCPel.
Ainda na década de 60, Dom Antônio colaborou na criação da Diocese de Bagé (1960), realizou o Segundo Congresso Eucarístico Diocesano (1960), dá início a construção da Igreja de Nossa Senhora Aparecida (1965) e cria a Radio Universidade Católica de Pelotas que passa a funcionar em 1967.
Devido suas múltiplas ocupações surge a necessidade de um auxiliar no atendimento religioso aos fiéis, sendo eleito Dom Ângelo Mugnol como Bispo Auxiliar de Pelotas dia 24 de Abril de 1966, permanecendo na função até 1969 quando assume a Diocese de Bagé. Dessa forma, a partir de 20 de Abril do mesmo ano assume o cargo de Auxiliar o então Padre Jayme Henrique Chemello.
Dom Antônio contribui também com a criação da Diocese de Rio Grande que se desmembra de Pelotas em 1971 e inaugura o Santuário de Adoração Perpétua em 1973 em terreno doado na Rua 7 de Setembro, centro de Pelotas, para marcar o jubileu de ouro de sua ordenação sacerdotal, conforme prescrição do Concílio Vaticano II.
Depois de 35 anos de Episcopado e tendo atingido 78 anos, em 28 de setembro de 1977, Dom Antônio renuncia ao cargo de Bispo Titular da Diocese de Pelotas, por dispensa concedida pelo então Papa Paulo VI.
Durante seu episcopado Dom Antônio criou as paróquias de São José do Fragata, Santa Teresinha, Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora de Fátima, em Pelotas; São João Batista da Reserva, em São Lourenço do Sul; Imaculada, em Jaguarão; e várias paróquias em Bagé e Rio Grande. Dom Antônio também obteve a criação das dioceses de Bagé e Rio Grande.
Tão logo entregou o cargo a seu sucessor, transferiu-se para um pequeno setor do Instituto de Menores, onde residiu até sua morte aos 88 anos, em 15 de outubro de 1987, hospitalizado em Porto Alegre.