Abbá, eu estou em processo de condenação. Juntaram-se forças para me levar ao veredicto condenatório. Os sumos sacerdotes queriam que o veredicto também passasse pelo poder romano, uma vez que Terra de Israel estava sob seu jugo sob o comando de Pilatos, governador.
Pois foi Pilates que me chamou. Chegando diante do govenador romano, ele fez-me uma pergunta que revelava o ponto central em questão: “Tu és o rei dos judeus?” Essa questão me possibilitou abrir um diálogo com Pilatos. Perguntei-lhe: “Estás dizendo isto por ti mesmo, ou outros te disseram isto de mim?”. Diante de minha pergunta, com o diálogo aberto, Pilatos foi sincero e falou: “Por acaso, sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim”. E acrescentou em forma de interrogação: “Que fizeste?”. Essa pergunta me deu abertura para falar do nosso reino, ó Abbá. Deixei claro: “O meu (nosso) reino não é deste mundo. Se o meu (nosso) reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu (nosso) reino não é aqui”. Pilatos voltou a insistir, perguntado: “Então tu és rei?” Mais uma vez tive abertura para clarear mais sobre o meu (nosso) reino: Primeiro, deixei que as palavras na boca de Pilatos afirmassem que eu sou rei: “Tu o dizes: eu sou rei”; depois proclamei com toda a ênfase, pois esta é a grande boa nova com a minha vinda na história da humanidade: “Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade”. A verdade é a irrupção do reino de Deus em mim. Com essa irrupção do eino em mim, eu sou rei deste reino. Claro, um reino que não é teste mundo.
Eu sou rei, ó Abbá, sendo caminho, verdade e vida. Como verdade sou caminho! Como verdade sou vida! Por isso “eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade”.
Como rei vindo ao mundo, irrompeu-se em mim, ó Abbá, o reino da justiça, da verdade e do amor. Sendo reino da verdade é um reino de justiça. Sendo reino da verdade é um reino de amor. Por isso “eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho do reino da verdade.
A verdade tem sua fonte e sua expressão em ti, ó Abbá, como criador. Assim toda a realidade criada unida a ti, o criador, é a verdade – leva à mentira a desunião da criação com o criador. A verdade tem sua fonte e sua expressão em mim, ó Abbá, como redentor. Assim toda a realidade remida unida a mim, o redentor, é a verdade – leva à mentira a desunião da redenção comigo, o redentor. A verdade tem sua fonte e sua expressão no nosso espírito, ó Abbá, como santificador. Assim toda a realidade santificada unida ao espírito, o santificador, é a verdade – leva à mentira a desunião da santificação com o espírito. O reino da verdade é toda a realidade criada, redimida e santificada em nós, Trindade Santa.
Por fim, ó Abbá, no diálogo com Pilatos, anunciando a boa nova do Reino de Deus irrompido em mim, e assim, eu sendo o caminho, a verdade e a vida, deixei expressamente claro que “todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”. Ser da verdade é o programa dos que assumem, vivem e testemunham o nosso reino – da justiça, da verdade e do amor. No meio de tantras vozes dos reinos do mundo, é preciso que a humanidade escute a nossa voz. Quanta mentira dará lugar à verdade.
Dom Jacinto Bergmann, Arcebispo de Pelotas.
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